O vinho branco é exclusivamente produzido com recurso a uvas brancas?
Não! A verdade, por mais incrível que possa parecer, é que o vinho branco também pode ser produzido com recurso a uvas pretas, isto porque a parte da uva que dá efetivamente cor ao vinho é a sua pele (a polpa é incolor) e, se esta película não entrar em contacto com o mosto, o resultado será um vinho branco ou pelo menos com um tom muito claro.
Há uma cerimónia simples e eficaz que se realiza antes de se servir um verdadeiro e irresistível néctar dos deuses – chama-se decantar o vinho. Com um acessório muito próprio, é feito por três importantes motivos, um dos quais, potenciar a sua degustação!
O acto de decantar implica, simplesmente, a passagem do vinho da sua garrafa original para um recipiente (de cristal ou vidro), designado por decanter ou decantador. Por norma, a decantação é feita exclusivamente aos vinhos tintos e beneficia-os de duas formas: elimina as borras acumuladas, especialmente em vinhos velhos que estão engarrafados há vários anos; e permite que o vinho “respire”, ou seja, a oxigenação permite a total libertação dos aromas contidos numa garrafa, um processo que contribui de forma positiva para o seu paladar.
O processo de decantação varia conforme o vinho em questão, ou seja, depende se se trata de um vinho velho ou jovem. No caso, dos néctares mais jovens, a decantação permite suavizar os taninos presentes no vinho e que normalmente são ásperos, secos e adstringentes. Geralmente, estes vinhos apresentam elevados níveis de acidez porque ainda não tiveram tempo de amadurecer, o que significa que necessitam de “respirar” durante uma ou duas horas. Verta o conteúdo da garrafa para o decantador num gesto único e contínuo. A etiqueta diz que se deve colocar a garrafa vazia ao lado do decantador para que os convivas possam identificar o vinho que irão ou que estão a provar.
Tenha o cuidado de colocar a garrafa na posição vertical um ou dois dias antes de ser consumida, assim, todos os depósitos irão concentrar-se no fundo. A decantação deve ser efectuada cerca de meia hora antes do vinho ser servido, isto porque no caso dos vinhos antigos, a decantação acelera a evaporação dos aromas. Uma “respiração” curta é o suficiente para libertar e, consequentemente, “abrir” o bouquet depois de tantos anos “fechado”. Uma vez aberta a garrafa, limpe o gargalo para retirar qualquer resíduo e comece a verter o vinho para o decantador. Coloque uma vela acesa ou um pequeno foco junto do gargalo, utilizando esta fonte de luz para se certificar que não deita borras no decantador. Verta tudo de uma só vez, parando apenas quando aparecerem os primeiros resíduos no gargalo. Coloque o decantador e a garrafa original juntos na mesa.
Não é obrigatório decantar cada garrafa de vinho que abrir, no entanto, é muito aconselhado quando se sabe, de antemão, que esse néctar contém partículas do depósito – ao mais pequeno movimento, o vinho puro vai misturar-se com a borra.
Abrir a garrafa e retirar a rolha não permite a respiração adequada do vinho, uma vez que apenas o líquido que se encontra próximo do gargalo é que está, efectivamente, em contacto com o ar.
No caso de se esquecer, ou por falta de tempo, recorra a esta técnica de decantação rápida: coloque um pano branco e fino ou um simples guardanapo de papel sobre a abertura do decantador e verta o vinho através do mesmo, parando quando surgirem os primeiros sinais de borra.
Se (ainda!) não tiver um decantador, utilize outro recipiente para o processo de decantação e, no final, reintroduza o vinho na sua garrafa original com recurso a um funil.
Um vinho de qualidade vai continuar a desenvolver e a libertar-se dentro do próprio copo, por isso, um brinde e boa degustação…